Há quase 50 anos, a Igreja dedica o mês de setembro ao estudo e contemplação da Palavra de Deus. Neste ano, somos convidados a celebrar a partir do tema proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) “Abre tua mão para o teu irmão (Dt 15,11)”. A respeito dessa temática, o presidente da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB e arcebispo de Curitiba (PR), Dom José Antônio Peruzzo, destacou que a preocupação de promover a justiça, a solidariedade com os pobres, o órfão, a viúva e o estrangeiro estão bem presentes no livro do Deuteronômio.
“São leis humanitárias encontradas também no Código da Aliança (Ex 20,23)”, afirmou, ressaltando que o livro do Deuteronômio é rico em reflexões morais e éticas, com leis para regular as relações com Deus e com o próximo. Além de apresentar um tema, a CNBB oferece o texto-base para o Mês da Bíblia. O material, que foi publicado pelas Edições CNBB, trata-se de um instrumento de estudo e interpretação do livro e que ajuda na elaboração dos encontros bíblicos.
Para falar sobre o Mês da Bíblia e a temática deste ano, ouvimos a irmã Raquel Mendes Borges, OV. Ela é especialista em Teologia Bíblica e Filosofia Medieval e Mestre em Ciências da Religião. Segundo ela, o Mês da Bíblia é muito importante porque abre possibilidades mais concretas às pessoas, para a aproximação, o contato e o aprofundamento com a Palavra de Deus. “Separamos o mês de setembro para celebrar a Palavra, pois é ela que dá sabor à nossa vida e nos alimenta no peregrinar nesta terra.” Ela ressaltou, porém, que para ser um mês diferente, em que nos dedicamos realmente ao estudo e contemplação da Palavra, é necessário tirar um tempo para saborear e explorar as suas riquezas. “Temos a luz do sol a nosso dispor, mas para receber sua vitamina, precisamos nos expor à sua luz. A Palavra foi dada, traduzida para nós, mas se não nos colocarmos diante dela com tempo para isso, não nos beneficiaremos deste dom que ela é para nós.”
O comportamento familiar diante de um membro empobrecido é peculiar. O que sustenta essa fraternidade é a graça de sermos todos filhos de um único Deus e ele nos pede a graça de vivermos juntos como irmãos.” Por tudo isso, conforme a entrevistada, o livro é muito importante e atual. “Quero frisar que a mão que se estende é aberta, ou seja, do que tenho meu irmão pode participar para que saia da pobreza. Não resta dúvida de que o contexto em que estamos grita por uma aplicação dessa passagem em nossas vidas. Precisamos ter um olhar mais atento aos nossos irmãos empobrecidos e podemos nos perguntar a quem abri minha mão hoje?”
A seguir, trazemos parte do conteúdo da entrevista com irmã Raquel sobre como podemos viver intensamente o Mês da Bíblia, de modo especial neste tempo de pandemia.
Essa prática nos ajuda e também nos faz mensageiros da Palavra para nossos irmãos que, por vezes, encontramos abatidos, precisando da Palavra de Deus.
Aqui, não vou citar nomes, mas conheço um frei de nossa arquidiocese que tem a prática de oferecer estudo bíblico, em que os fiéis chegam e paulatinamente vão aprendendo mais sobre as Escrituras. São reflexões preciosíssimas, mas poucos as procuram. Outro modo que acho pertinente é reforçar estudos bíblicos, divulgar os que existem e criar novos. Uma terceira forma que me vem hoje ao coração é que precisamos aprender novamente a ser Igreja doméstica. A pandemia lançou-nos para dentro de nossas casas. Seria muito frutuoso se nossas famílias voltassem à prática de ler a Palavra. Que nossas crianças não cheguem à catequese sem nunca ter escutado os relatos de Adão e Eva, Noé, os milagres de Jesus...
